RIO - A atual temporada de “Malhação” ainda não entrou de férias, só termina no dia 11, mas os atores escalados para a nova leva de episódios da novela teen, com estreia prevista para julho, já estão em sala de aula. Fazem oficinas de canto, dança, muay thai e expressão corporal. Isso porque os autores Rosane Svartman e Paulo Halm. decidiram tornar a arte e o esporte os focos da vez.
— Nós tínhamos vontade de fazer algo que envolvesse música e dança, porque gostamos de musicais. E percebemos que tanto a arte, como o esporte são formas de transformar o jovem. Por isso, resolvemos unir esses dois — explica Halm.A união se dará numa fábrica de tecidos desativada, que abrigará, na trama, a academia de artes marciais do mestre Gael (Eriberto Leão) e a escola de artes Ribalta, comandada por Nando (Leo Jaime). Com o título de “Malhação sonhos”, a nova temporada terá o lugar como o símbolo do que os protagonistas pretendem atingir no futuro.
— Duca (Arthur Aguiar) sonha ser um grande lutador, como o seu mestre Gael, poder ajudar a família e acabar a faculdade de Educação Física. Bianca (Bruna Hamu) quer ser atriz, como sua falecida mãe, e sua irmã, Karina (Isabella Santoni), deseja fazer sucesso nos ringues, para dar orgulho a seu pai, Gael — adianta Rosane.A dupla de autores diz que decidiu ter os sonhos como tema porque eles “unem pessoas de raças, idades e credos distintos”.
— E a juventude é uma fase de construção. Se esses sonhos vão ser alcançados não importa tanto quanto ir atrás deles — defende Halm.No caldeirão de assuntos a abordar, eles preveem pitadas de sexualidade, dúvidas sobre o futuro e mercado de trabalho. Para Rosane, o desafio é usar a criatividade para falar sobre os tópicos mais polêmicos dentro das limitações impostas pela classificação indicativa do horário (livre).
Outra temática que os dois resolveram tratar foi a da violência, considerada por eles uma realidade no país.
— Na nossa trama, o irmão mais velho do Duca morreu numa briga de torcida organizada. O Brasil está ficando muito violento, e não queremos fingir que esse universo da luta não tangencia o da violência, vamos mostrar e denunciar isso — afirma a autora sobre a nova temporada, com direção-geral de Luiz Henrique Rios e direção de núcleo de José Alvarenga Júnior.E o amor? Não há de faltar, em forma de triângulos — ou quartetos. Logo de cara, Duca se apaixona por Bianca, e Karina, por Duca. O guitarrista Pedro (Rafael Vitti) entra na história para tentar resolver o imbróglio conquistando a esquentada Karina.
— Não é segredo que a nossa “Malhação” é inspirada em Shakespeare, é uma releitura de “A megera domada” e de “Romeu e Julieta”, porque são as grandes histórias da literatura. Se é para copiar alguém, que seja Shakespeare. Eu não copio ninguém que não tenha morrido há mais de 200 anos — diz o autor, aos risos.A descontração, aliás, permeou toda a conversa. A afinada dupla já tinha trabalhado junta na temporada de “Malhação” de 2012. Mas repetição é uma palavra que não os assusta.
— Os problemas humanos continuam os mesmos. Romance, integração, conquista. O leque de emoções é eterno, mas cada vez surgem gerações com novas perspectivas. A juventude vai se reinventando através de descobertas de tecnologia, de comportamento. A geração de hoje está vivendo uma experiência semelhante à de 1968, essa coisa de engajamento, de ir para a rua — observa Halm.Rosane completa:
— Não dá para ignorar a comunicação imediata, a mobilidade, o jeito de falar e de seguir alguém nos dias de hoje.O próprio Halm., inclusive, se diz impressionado com o aumento de seguidores da sua conta no Twitter.
— Os twitteiros nos descobriram e agora nos perseguem — se diverte o autor. — Ficam pedindo para escalarmos ator “X”, ou atriz “Y”.Oriundos do cinema (ele escreveu os roteiros de filmes como “Sonhos roubados” e ela dirigiu produções como “Desenrola”), Rosane e Halm. também mostram bom humor ao comentar a infraestrutura do Projac.
— As pessoas falam que “Malhação” tem um orçamento mais modesto e vemos aquelas cidades cenográficas imensas, com cenários maravilhosos. No cinema, a estrutura é bem mais enxuta. E esse diálogo com a multidão, com milhões de espectadores... Para nós, isso ainda é novidade. E vamos aproveitar tudo ao nosso favor — finaliza Halm.